“Que brinquedo queres levar para o fim de semana?” – perguntei ao pequeno catita.
“Nada. Quero levar-te a ti”.- respondeu como se fosse completamente óbvio.
Ir sem adereços, não é nada
óbvio. Quando vamos, levamos “fazeres” connosco. Uma bola para jogar, umas
bolinhas de sabão, um jogo de tabuleiro, umas canetas para fazer um desenho. Um
saco de coisas para fazer. Todos os adultos andam com um. Pode não ser visível,
mas todos carregamos o nosso saco de fazeres. Quando temos um momento de
espera, na paragem do autocarro, no restaurante enquanto a amiga não aparece ou
noutro milésimo de segundo de espera, tiramos o saco cá para fora. “Vou mandar este email... deixa-me ver o
facebook...organizar as moedas da carteira por ano de emissão...deixa ver o tempo
para o fim de semana...”
Raramente somos só nós. Raramente
estamos connosco. Raramente somos mas a todo o momento fazemos. Os nossos
filhos sentem esta velocidade, eles apanham este ritmo furioso de vida, este aceleramento não sei para
aonde. Esta urgência constante.
Nada. É importante os nossos
filhos terem momentos de nada para fazer. Nada de nada. Terem a oportunidade única de
estarem consigo mesmos. Se estão sempre no fazer, como podem ouvir o silêncio?
Se estão sempre no fazer como podem ter a oportunidade de ficarem aborrecidos,
entediados e depois descobrirem que a sua imaginação não tem fim e que tudo à
sua volta pode ser uma aventura? Se não tiverem quietude como podem ouvir a
criatividade? Se não houver um vazio como pode entrar algo novo?
Vamos pais, vamos fazer nada
juntos.
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